Da decadência


Em tempos achei que existia romantismo na decadência. Que era fixe ser decadente, não ter onde dormir, não ter dinheiro, beber em balcões de bares a meia-luz, foder muito, nem sempre bem, com mulheres que choram arrependidas no dia seguinte. Admirava o sujo e o imperfeito. Eram tempos em que lia Bukowski e Henry Miller e julgava que era isso que queria para mim. Depois cresci, percebi a mediocridade de tudo isso, e mudei de ideias.
Sem saber muito bem como, no último ano dei por mim em situações análogas às que lia nesses livros e isso é uma derrota. Defini a beleza como objectivo de vida e ela, com honrosas excepções, tem escasseado. Não sei o que fiz de errado, mas creio que é tempo de voltar aos filmes e à música dos anos cinquenta. Foi lá que encontrei a inspiração para os momentos mais belos da minha vida. É lá que irei buscar inspiração para fugir a este período decadente, sujo e feio.

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