Da estupidez

Há uns anos atrás eu era um tipo feliz, confiante e cheio de energia. Trocava mensagens com uma rapariga com tendência para graves depressões, que, apesar de estar a passar por um bom período, temia o seu passado negro com uma força incomum. Eu subestimava esse seu temor. Um dia, iludido pela imagem romântica do artista torturado, disse-lhe que a tristeza era uma coisa bonita e boa para a criação. Ela ficou muito ofendida comigo, disse-me que não sabia do que estava a falar e deixou de responder-me durante um dia. Na altura não compreendi. Hoje carrego o mundo às costas, ando com a cabeça baixa a contar as pedras da calçada e compreendo-a perfeitamente. Tenho até vontade de viajar uns anos e dar uma bofetada em mim.

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