Sempre a descer
Gosto de estar no meu canto, em silêncio a pensar como poderia ser genial se fosse capaz de me concentrar e entregar inteiramente às minhas ideias. Passo, portanto, grande parte no meu tempo na autocondescendência. Em tempos julguei que isso era uma terapia, que me estava a descobrir e, qual fénix, renasceria resplandecente. Isso ainda não aconteceu, tenho vinte e seis anos e a convicção de que agora será sempre a descer. E por isso evito conviver com os meus semelhantes. Não os quero desiludir. Muitos deles têm a ilusão de que eu sou alguém especial. Um dia, mais tarde ou mais cedo, perceberão que não. Que sou só alguém que esteve demasiado tempo na vida deles.