Quando era miúdo os meus professores diziam que eu devia ir para político. Elogiavam-me as capacidades oratórias; a certeza e a assertividade com que defendia as minhas ideias. Com o passar dos anos, depois de muitos livros, discos e filmes, deixei de ter certezas. Hoje o meu discurso oral é caótico, feito de conceitos intricados que para mim são claros mas que não o são para os outros. A frustração de ser incompreendido é um sentimento que conheço bem e com o qual já não me incomodo. Sacudo os ombros com indiferença e desisto facilmente de me fazer compreender. Isso não é bom.