A praia
Quando era miúdo, a praia era o meu paraíso. Era onde era mais feliz. Saltava, jogava à bola, mergulhava, brincava, escavava, conhecia outros miúdos e brincava com eles dentro de água, ignorando tudo e todos. Era mesmo o meu paraíso. No Inverno contava os meses para o Verão. Contava mesmo. Adorava aquilo.
Já adulto, ou quase, quando passei a ir para a praia com a minha ex-namorada, isso quase mudou. Para ela a praia representava outra coisa. Ela gostava muito de praia, mas para chegar, deitar-se na toalha e dormir. De vez em quando levantava-se e mergulhava. Regressava depois à primeira forma e deitava-se na toalha a dormir (quase sempre) ou a ler (quase nunca).
Eu sentia-me muito sozinho e aborrecido. Nunca lho disse, mas era assim que me sentia. Cheguei, por vezes, a sentir-me a pessoa mais sozinha do mundo (sou exagerado).
A praia quase que perdeu a magia que tinha para mim. Não deixei que perdesse. Não deixei que perdesse então, não deixarei que perca agora. A magia terá que permanecer, custe o que custar. Na praia quero ser um puto.