Um poema de Carlos de Oliveira


No outro dia dei-me conta que não conheço poemas felizes. Só dor, só dor. E este, meus amigos, é um dos poemas mais dolorosos que já se escreveram em língua portuguesa. E quem disser o contrário é tolo.

BOLOR

Os versos
que te digam
a pobreza que somos,
o bolor nas paredes
deste quarto deserto,
o orvalho da amargura
na flor
de cada sonho
e o leito desmanchado
o peito aberto
a que chamaste
amor.

Carlos de Oliveira

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